segunda-feira, 14 de julho de 2014

Manual Básico de Construção de Comédias Românticas

Um texto com um tema que eu adoro implicar: coisas água- com- açúcar.
Você, roteirista de cinema frustrado, precisa de um tapa buraco rápido para pagar as contas que você fez? Sem problemas! Chame um casal de amigos seus atores e bonitinhos, e faça uma comédia romântica! É de orçamento baixo e todo mundo vê. Retorno quase certo, além de tudo o roteiro é uma moleza! Segue só umas regrinhas básicas.

O filme começa com o protagonista (ou a protagonista...) passando por uma experiência dolorosa qualquer. Na maioria dos casos, um sonoro pé na bunda, ou morte de alguém próximo. De qualquer forma, ele passa por uma experiência renovadora que o faz cair em um mundo totalmente novo.

O protagonista é uma pessoa Chaaata pra caralho. Ele é artista plástico, ou cozinheiro, ou fotógrafo, essas coisas cults. Se ele não é isso, ele é um profissional qualquer: advogado, publicitário, sei lá. Mas é chaaaaato pra diabo, teimoso, obtuso, turrão e cheio de manias e fricotes.


Então, o protagonista conhece um porra louca qualquer. Alguém totalmente fora do universo dele. Enquanto o protagonista é quieto, o porra louca é espalhafatoso, pode ser também pobre x rico, obcecado x desencanado, uma dicotomia qualquer.
O porra louca irrita pacas o protagonista inicialmente, seu jeito em contraste com as frescuras do protagonista quase levam esse protagonista pro hospício, eles trocam alguns atritos.


Após algumas farpas mais feias, protagonista e porra louca vêem grandes qualidades um no outro e passam uma noite mágica que junta coisas como fotografia bonita, paisagens e sexo.
Temos muitas cenas do casal se curtindo, vemos o quanto o amor deles é bonitinho.


Até que alguém do casal faz alguma... Merda. Ou o porra louca é ridicularizado pelo protagonista, ou o porra louca vai lá e é flagrado com alguma ex em uma situação inocente, mas totalmente constrangedora. Em resumo, a mágoa cai entre eles, desencontro total, chororô direto.
Isso faz com que um dos pombinhos resolva dar o fora, resetar vida.


Tudo parece se encaminhar para que o casal suma de vez um da vista do outro, isso até os momentos finais do filme, quando um deles faz um ato edificante, lindo, lacrimogêneo. A trilha sonora sobe, protagonistas olham-se com cara de cumplicidade, os sensíveis que assistem a cena acham uma fofura e tudo termina lindo... Os protagonistas são aplaudidos, admirados, chorados pelos outros personagens de apoio.

E, como num conto de fadas, vivem felizes para sempre... Alguém já viu continuação de comédia romântica?

Mas, por incrível que pareça, todos embarcamos nelas... esse texto foi escrito após eu assistir mais uma...


Esse texto é uma crítica a um assunto que eu não entendo porra nenhuma, mas adoro dar palpite: Cinema. A propósito, o Woody Allen só faz filmes chatos.

7 comentários:

Rafael Salvador disse...

Não se esqueça: não pode aparecer gente pelada, senão a classificação etária sobe e você perde um público (cifras) a mais.

Mas exibir uma breve "lateral de seio" (sideboob para os mais íntimos) vale, é só não aparecer o mamilo da atriz!

Espero ter contribuído para este post iluminador. Abraços!

Larys disse...

huahuahauhauh!!
num sei o que é pior, a trama desses filmecos ou as das novela das 20h da Globo. É foda por que geralmente os personagens sofrem de burrice crônica, sempre se deixam influenciar por alguém que não tem nada a ver e que ainda por cima quer destruir a união do casal. Filmizinhos desse porte só servem mesmo qnd vc está ridiculamente apaixonada (ênfase para o ridiculamente) e acaba suspirando por qualquer besteira. Indo de encontro a tudo o que falei, adimto que adoooroo Um Lugar Chamado Notting Hill, e aquela música "sheee...". XDDD Essa numtem explicação, eu gosto e pláfts. E qnt ao Woody Allen vc tem meu total apoio!

Alunissada disse...

owwww! nem toda pessoa apaixonada fica retardada mental e sem bom senso.
Total razão Redi, esse povo encontrou a formula da coca-cola e faz isso direto e sempre igual. Mas ja que vende: façamos, vamos ganhar....

Lore Rodrigues disse...

e o pior: vc sempre se pega assistindo essas comédias , pq tem fé q elas possam ter algo diferente... tudo igual :(
e detalhe: eu sempre q vejo saio inspirada para amarrrr!! huhauahuahuahuua! bjuss

Yuri Leonardo disse...

Tem que ter também a música da moda, de uma bandinha descolada - e que tenha refrão mais grudento do que superbonder!

Caramba, Redi, texto tá muito bom! Ri uns bocados! :D

Roberta Felix disse...

O mais legal foi tu ir descrevendo as passagens e eu ir lembrando de alguns filminhos desse tipo... Caramba, um monte!

Eu não sei se por influência dos livros da cultura, mas não simpatizo com o W. Allen. Que me lembre, os filmes dele seguem mais ou menos uma fórmula e são um tanto parecidos... previsibilidade não me agrada. Aliás, desconfio que foi por isso que tu falou dele no fim do texto: previsibilidade é algo comum às comédias românticas e aos filmes dele... será?

Moacir Brandão disse...

Melhor que é verdade.