segunda-feira, 14 de julho de 2014

As Esfinges Pós-Modernas

Hoje, todo mundo tem voz. Se você tem acesso a informática, você pode transmitir a sua mensagem para o mundo. Tudo isso é, de certa forma, fantástico... É um mundo de possibilidades um verdadeiro celeiro de ideias geniais. O problema são aqueles que precisam mostrar sua voz ao mundo, mostrar o quanto são legais e fodidões, mostrando seu ar de mistério, um ar deliciosamente instigante e típico... Chamemos esse curioso exemplar da fauna humana de "Esfinge pós- moderna".

Os tipinhos se espalham pela internet inteira. Facebook, blog, Twitter, Instagram...
Twitter e status do Facebook... é onde as esfinges costumam exercitar a sua pose de pessoa misteriosa, exibir sua inteligência refinada, seu senso estético apurado. 


Eles normalmente procuram frases edificantes. Se você estiver a fim de mostrar a sua pose misteriosa, legal e inteligente procure, de preferência, alguma frase tirada de uma letra de música de uma banda de punk rock islandesa, ou um trecho de um livro obscuro, ou uma frase qualquer como "eu gosto de gatos" em javanês... Não importa. O que importa é soar sedutoramente... incompreensível. Isso faz com que a esfinge pareça uma pessoa culturalmente diversificada, um verdadeiro cidadão do mundo, alguém que um dia já esteve admirando a paisagem da Europa sentado em um bar, sorvendo um scotch com gelo, mesmo que, no máximo, tenha ido à Disney numa excursão de férias da 8ª série.

Os esfinges pós- modernas gostam de fotografia. Seu tipo preferido é o auto retrato. Quase sempre, em PB. Por que a fotografia colorida é banal... e o senso estético dos esfinges pós- modernas é refinado demais para deixar se contaminar pelas massas, se a fotografia não é em PB é em uma iluminação exótica, para mostrar o quanto aquela interessantíssima pessoa ainda tem a ser descoberta... olhando a paisagem com um olhar vazio, indiferente e meio deprimido... ou olhando para a câmera de modo sagaz transpirando cultura como um intelectual querido por artistas plásticos, estilistas, fotógrafos de arte... Mas o velho bracinho esticado os trai.

Outro de seus hábitos é citar com frequência escritores densos, que se mataram, bêbados, meio doidos ou até tudo isso ao mesmo tempo. James Joyce é o preferido. Mas não é só. Normalmente eles dizem: "Como diria Joyce..." Eles esperam que você também conheça o escritor. Provavelmente, qualquer leitor médio conhece o referido escritor tanto quanto eles, mas a esfinge pós- moderna age como se fosse um grande conhecedor do escritor. Isso também vale para compositores e músicos . É típico dos mesmos citar o que é famoso do tal escritor. Dá uma olhadinha em alguns parágrafos de "Ulisses", ouve um disco qualquer de Jazz e pronto! Mas pergunte a esfinge se ela sabe onde fica Dublin.

Os esfinges gostam de poesia. Gostam de escrever de modo incompreensível. Colocam frases na ordem indireta, abusam dos usos incomuns pra substantivos, fazem estrofes com algum sentido... E o destroem logo depois, na outra.

Existem também os tipinhos "Eu faço um curso de idiomas", fazem um curso há apenas dois meses, mas já arriscam umas frases nos perfis e atualizam a lista de idiomas que falam nas redes sociais. 

Existem várias espécies de esfinges pós- modernas. Todas querendo parecer aquela pessoa legal, meio deprimida, elegante, admirável, blasé,misteriosa, mas seu enigma é simples...

"Decifra-me... por que eu sou cult!"

Esse é um texto sobre a patética natureza humana. Se há alguém aí ofendido, o autor pede suas desculpas... Mas não vai adimitir o erro nunca! Apesar de sua maturidade, o autor os acha bobos, feios e chatos.


9 comentários:

Anônimo disse...

Sim, amigo Rédi.
Bom texto esse seu tratando dos pseudo-intelectuais (nem sei se ta escrito direito). Encontramos muitas dessas figuras pela net indubtavelmente.
Interessante notar que esse s tipos costumam fazer coleções de amigos no orkut. Acho q a intenção é a de conseguir lotar só para poder colocar um "fulano 2"...
Acho que já discutimos sobre isso algumas vezes.
Mas você conseguiu formular boas observações. Como sempre o texto está muito bom.

*J. Sampaio disse...

Rédi, lembro-me agora do texto que a gente leu na desciclopédia sobre os cults... Hehe...
Adorei o texto e confesso que me identifiquei com algumas coisas... Mas prefiro Sépia do que P&B.
Eu recomendo a comunidade do orkut: mate um cult e seja feliz!

Fabianny de Alencar disse...

Ahhhh! Creio que sou uma esfinge pós-moderna! Eu coloco citações de Nitz, poesias imcompreensiveis, e fotos blasés pelos meus blogs, fotolog e orkut! Ahhhhhh mas...

eu não faço, francês, nem arranho nada de inglês. Neum nunca li Joyce. hehe .Ah que bom, eu só uma fresca, então. XD


muito bom o post!

Rafael Salvador disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rafael Salvador disse...

Hoje em dia tá tão na moda ser cult que não vou me admirar se aparecer um "DeXifRa-Mi oou tXi DeVoLuuuuu >.<" de alguma esfinge pós-moderna 'miguxa'...

P.s.: Nem P&B nem sépia... Pop-art!

Anônimo disse...

rapaz vc eh o cara, eh um caminhao de milho desbulhado, eh um ventilador no 3, eh uma topic bem vaguinha, eh um arrombado mermo huahauhuaha

texto massa, so o q tem por ai sao essas esfinges pos-modernas, pseudo-intelectuais q de tanto quererem parecer diferentes acabam ficando todos iguais...

falou cara, muito bom o texto!

Anônimo disse...

sei nem quem eh esse tal d joyce...

mas a parte das fotos me decuncia como uma potencial esfinge pós-moderna...mas vai, soh tenho uma foto PB...soh umazinha...nem conta...hehehehe

Anônimo disse...

*denuncia

Dháfine Mazza disse...

Adorei o texto, Rédi!!! É exatamente isso que acontece. Tá cheio de gent epor aí querendo ser cult ou coisa e tal, fazendo poses, caras e bocas em P&B pq e mais chique, diria, cult. Esse tipo de gente me enche o saco. Sem falar nos cursos de línguas. Tem gente que nem faz, mas já acha q sabe falar.
Confesso q a única parte com a qual me identifiquei foi com as frases, pq há smepre uma frase q diz tudo o q vc quer dizer naquele momento, sem q vc, necessariamente, conheça o autor da mesma.
parabéns pelo texto!
Bjos.